Sal & Saúde

O sal é o principal ingrediente que contém o Sódio em nossa alimentação. O sódio  tem um papel fisiológico importante e necessario no organismo, participando com outros nutrientes da regulação do equilíbrio osmótico, da transmissão de impulsos nervosos, de contrações musculares e da absorção intestinal.

Mas, o consumo excessivo de sal pode acarretar no aumento da incidência de algumas doenças cardiovasculares, tais como hipertensão e cardiopatias.¹ O sal é um fator de risco cardiovascular por si só, independentemente de outros fatores como colesterol alto, diabetes ou tabagismo.

A Organização Mundial da Saúde recomenda uma ingestão de sal inferior a 5g de sal por dia (equivalente a 2 g de sódio) .

No mundo, a maior parte — e, em alguns países, até três quartos — de todo o sódio consumido provém de alimentos processados. O restante é adicionado durante o preparo das refeições ou diretamente no prato já pronto.

BENEFÍCIOS DE UMA DIETA REDUZIDA EM SÓDIO

Inúmeros trabalhos mostram o impacto positivo da diminuição do consumo de Sódio em relação à mortalidade devido doenças cardiovasculares. Os estudos DASH e TOHP mostraram que a redução de sódio na alimentação está associada à queda da pressão arterial e na diminuição de 25% de acidentes cardiovasculares (AVCs).3,4

No decorrer dos últimos 30 anos, a Finlândia reduziu a quantidade de Sódio nos alimentos, a consumo de álcool e o número de casos de obesidade por meio de uma política de saúde pública. Durante tal período, a mortalidade relacionada a cardiopatias e AVCs diminuiu 80% nos adultos. Além disso, a pressão arterial média da população teve queda de mais de 10mmHg.5

Em 2013, a revista British Medical Journal publicou um grande estudo de qualidade sobre o assunto.6 Os autores concluíram que a diminuição do consumo de Sódio é benéfica para a população (tanto para adultos quanto para crianças).

Por fim, conclui-se que a redução de Sódio pode trazer efeitos benéficos consideráveis que podem justificar uma ação governamental de Saúde Pública para reduzir o sódio em escala populacional.

Maior Vigilância e Ações sobre o Sódio no Brasil

As doenças cardiovasculares representam atualmente a principal causa de mortalidade no mundo e no Brasil, sendo a hipertensão arterial o principal fator responsável por essas enfermidades.

Seguindo as sucessivas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e baseando-se em evidências científicas, um número crescente de países tem desenvolvido estratégias para reduzir o teor de sódio nos alimentos, visando à promoção da saúde pública.

No Brasil, desde 2011, a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos (ABIA) firmou acordos em parceria com a ANVISA e o Ministério da Saúde, comprometendo-se com a redução do teor de sódio em alimentos processados de diversas categorias, como panificação, embutidos, laticínios, snacks, sopas, caldos e temperos. Esse programa, ainda vigente, possibilitou uma primeira redução no consumo de sódio por meio dos alimentos processados.

Em 2022, a ANVISA implementou a exigência do selo de rotulagem nutricional frontal, que passou a ser obrigatório em todos os alimentos com teor de sódio acima de 600 mg por 100 g, ampliando as iniciativas para o controle do consumo excessivo de sódio no país.

SUBSTITUIÇÃO DO SAL – BENEFÍCIOS E RECOMENDAÇÕES DO SAL LIGHT

O que é sal light – Sal com menor teor de  sódio: Os substitutos de sal com menor teor de sódio são alternativas ao sal comum, nas quais parte do sódio é substituída por potássio e outros minerais salgantes. Essa composição ajuda a reduzir a ingestão de sódio sem comprometer o sabor dos alimentos. Esses substitutos podem ser utilizados tanto pelo consumidor, no preparo das refeições, quanto como ingrediente na indústria alimentícia e na produção de refeições prontas para consumo.

Além de reduzir o teor de sódio, o sal light oferece os benefícios adicionais do potássio presente em sua formulação. O potássio, um mineral frequentemente deficiente na dieta moderna, é essencial para o funcionamento adequado do organismo. Ele desempenha um papel crucial na regulação da pressão arterial, ajudando a equilibrar os efeitos do sódio no corpo e promovendo a saúde cardiovascular.

Com base nessa dupla ação – menos sódio e mais potássio –, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a substituição do sal comum pelo sal light na alimentação (Diretriz – janeiro 2025).

Dessa forma, a substituição do sal tradicional pelo sal light se torna uma estratégia nutricional eficaz e acessível para promover a saúde cardiovascular e alinhar a alimentação às diretrizes globais de saúde.

#TrocaDeSal

Uma Iniciativa Global para Reduzir o Consumo de Sódio

A campanha global #SwitchTheSalt é promovida pelo renomado George Institute for Global Health. No Brasil, a campanha #TrocaDeSal divulga e apoia esse movimento. Essa iniciativa visa conscientizar sobre os riscos do consumo excessivo de sal e incentivar em toda a cadeia alimentar do produtor até a mesa do consumidor a substituição do sal comum por sal light, um sal reduzido em sódio e enriquecido com potássio, contribuindo para a redução da pressão arterial e a prevenção de doenças cardiovasculares.

REFERÊNCIAS E CITAÇÕES

  1. WHO – Guidelines – Jan 2025 – https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/380227/9789240105591-eng.pdf?sequence=1
  2. Aaron KJ, Sanders PW. Role of dietary salt and potassium intake in cardiovascular health and disease: a review of 
the evidence. Mayo Clin Proc 2013;88(9):987-95
  3. WHO. Guideline: Sodium intake for adults and children. Geneva, World Health Organization (WHO), 2012. No Brasil, o consumo de sal é atualmente de 12g ao dia. Devido a tal fato, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou um termo de compromisso em parceria com indústrias alimentícias para a redução gradativa de sódio entre dez tipos de alimentos, incluindo os mais consumidos pelo público infanto-juvenil, tais como biscoitos, salgadinhos e pão de sal.
  4. He FJ, Mc Gregor GA. Effect of modest salt reduction on blood pressure: a meta-analysis of randomized trials. 
Implications for public health. J Hum Hypertens 2002;16:761-70
  5. Sacks FM, et al. Effects on blood pressure of reduced dietary sodium
  6. Karppanen H, Mervala E. Sodium intake and hypertension. Prog Cardiovasc Dis 2006;49(2):59-75
  7. NJ, et al. Effet of lower sodium intake on health: systematic review and meta-analyses. BMJ 2013;346:f1326
  8. 7.Bodenbach, S., initiatives de l’Union européenne. Présentation lors des séances de consultation du Groupe de travail multi-intervenants sur la réduction du sodium alimentaire le 19 février 2009 ; Ottawa [cité le 25 mars 2010]. Consultable au : http://www.hc-sc.gc.ca/fn-an/pubs/nutrition/_ sodium/2009-reduction/index-eng.php.
  9. George Institute for Global Health – www.georgeinstitute.org/why-do-we-need-to-switchthesalt